Porto Lazer vs “caçadores de subsídios”
Porto sem Festival Intercéltico em 2009
O Festival Intercéltico do Porto, o mais antigo festival de música da cidade, não vai realizar-se neste ano. Avelino Tavares, director do festival, explicou, ao JN, as razões que estão por trás da decisão. "A Porto Lazer não respondeu a duas cartas que enviámos por correio nem a um e-mail. Isto desde Outubro de 2008".
O responsável mostrou-se revoltado porque se está a "falar de uma empresa [a Porto Lazer] que representa a cidade e nós não somos nenhuns paraquedistas, estamos na música desde 1969". Avelino Tavares disse que mereciam ter sido informados, nem que a resposta fosse "não há condições".
Ao JN, fonte da Câmara Municipal do Porto (CMP), responsável pela Porto Lazer, disse não ter dúvidas de que "a partir de agora e até às eleições muitos ‘caçadores de subsídios’ irão criticar a CMP e ansiar por aquilo a que eles próprios chamam de ‘novos ventos eleitorais que tragam outra frescura cultural’ à cidade." A mesma fonte acrescentou que "não será pela crescente proximidade dos actos eleitorais que a CMP irá começar a distribuir subsídios por troca de uma frescura de opiniões favoráveis à Câmara Municipal do Porto". (…)
A primeira edição do Intercéltico foi em 1986 e, até agora, realizou-se 17 vezes.
Comentários: Como é que uma entidade dirigida por um senhor que ganha milhares de euros por mês para mandar instalar carrosséis na praça pode debitar tais baboseiras? De facto, difícil é não ansiar por ventos de mudança.
Rui Rio e a sua equipa de acólitos falam desde que foram eleitos que estão contra a subsídio-dependência e a favor da perservação do património e das tradições. O património riquíssimo que a nossa cidade possui foi sendo construído ao longo dos séculos com que apoios? Quem era o Estado no passado? A Nobreza e a Igreja! Se não tivesse sido o apio desse “Estado” poderíamos hoje em dia admirar as obras de Leonardo da Vinci, Michelangelo, Mozart, Beethoven, Shakespeare, só para mencionar alguns ícones? Quando hoje o Estado (seja ele local ou nacional) não subsidia – dá dinheiro – a criação artística contemporânea, com o argumento de que o que se faz hoje não presta e/ou não se entende ( como sempre aconteceu, aliás, no passado), está a comprometer o futuro da cidade. Daqui a uns séculos os historiadores irão olhar para este período negro da história da Invicta e vão ficar surpreendidos por ser a única época da história do Porto em que nada se fez com o apoio da autarquia. A Torre Eiffel é o maior símbolo de Paris. Ainda bem que Rui Rio não era maire da Cidade das Luzes quando ela foi erigida. Se ele soubesse quanto foi criticada a sua construção e quantos a quiseram deitar abaixo! É preciso ter muito cuidado quando se faz julgamentos percipitados sobre a expressão artística contemporânea: música, artes plásticas, teatro, literatura, dança, arquitectura, etc. Corremos o risco sério de o nosso legado para o futuro ser completamente irrelevante.
José Nogueira
Junho 26, 2009 at 9:27 am