Quarta Parede

Blog de reflexão sobre teatro e dramaturgia.

Fernando Almeida deverá abandonar pelouro da Cultura da Câmara do Porto

leave a comment »

O vereador da Cultura da Câmara do Porto, Fernando Almeida, deverá abandonar o cargo, logo após a concessão do Rivoli ao produtor Filipe La Féria. Para o seu lugar poderá avançar Maria Amélia Cupertino de Miranda, presidente da fundação com o mesmo nome, no Porto, e redactora do capítulo da Cultura do programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP que, em Outubro de 2005, deu a maioria absoluta a Rui Rio.
A notícia da demissão chegou a ser veiculada, ao final da tarde de anteontem, em vários órgãos de comunicação social, tendo sido prontamente desmentida pelo próprio Fernando Almeida. “Não é verdade”, declarou ao PÚBLICO o ainda titular da Cultura, deixando claro que não se lhe arrancaria nem mais uma palavra. Aparentemente, Rui Rio terá preferido aguardar pela reunião extraordinária do executivo de hoje, onde é votada a proposta de concessão do Teatro Rivoli a La Féria, para fazer o anúncio oficial.
A estratégia – que já tinha sido adoptada no mandato anterior quando o vereador do Urbanismo, Ricardo Figueiredo, esperou pela aprovação do PDM para anunciar a sua saída do executivo – passará assim por tentar inaugurar um novo capítulo e deixar para trás a contestação dos agentes culturais da cidade a medidas como o fim dos subsídios pecuniários e a privatização do Rivoli, cujo ponto alto ocorreu em Outubro com a ocupação do teatro, numa acção de protesto encabeçada pela dramaturga Regina Guimarães.
Desde que assumiu funções, Fernando Almeida raramente se pronunciou sobre as polémicas relacionadas com a Cultura. Aliás, o vereador não esteve sequer envolvido no processo de selecção e escolha das empresas candidatas à gestão do Rivoli. O seu nome não constou da comissão restrita de avaliação das candidaturas, apesar de, por inerência, presidir à Culturporto, a associação de produção cultural responsável pela gestão do teatro municipal e que vai agora ser extinta.
Curiosamente, quando em Outubro de 2005 a coligação Pelo Porto, uma vez mais ganhou a autarquia portuense com maioria absoluta, o nome apontado para a Cultura começou por ser o de Maria Amélia Cupertino de Miranda. E, já na altura, se comentava que a opção de entregar a pasta a Fernando Almeida era provisória, inscrevendo-se numa estratégia de credibilização do executivo. Com 63 anos de idade, Almeida foi secretário de Estado da Segurança Social no Governo de Cavaco Silva, professor catedrático de Economia e administrador em vários bancos.
Contra a concessão do teatro a Filipe La Féria, o movimento Juntos no Rivoli prometeu ontem uma “vigilância atenta” sobre um processo que qualifica como “cheio de contornos obscuros”. Em comunicado, o movimento (que agrega vários agentes culturais da cidade e mobilizou um abaixo-assinado que reuniu cerca de 11 mil assinaturas contra a privatização do Rivoli) anuncia que tenciona reunir-se com as quatro candidatas derrotadas na corrida à gestão daquele teatro e “com outros elementos da sociedade civil, de forma a programar futuras acções de contestação a uma política que diminui as perspectivas de futuro da cidade do Porto”. O movimento lamenta ainda que o executivo liderado por Rui Rio se tenha “remetido a um desempenho medíocre apenas pautado por uma lógica contabilística, virando costas a tudo o que seja investimento cultural estruturante”. Público, 22/12/2006 – Secção Cultura

Written by Jorge

Dezembro 22, 2006 às 11:37 am

Publicado em Instituição, Recortes

Deixe um comentário